Vamos falar sobre o Qatar?
O Qatar em 2022 está a acolher o Mundial de Futebol, sendo o primeiro país do Médio Oriente a ser escolhido. Desde o dia 20 de novembro a 18 de dezembro que serão os primeiros jogos com todas as seleções e a nação está a receber pressão e críticas pelo seu tratamento de trabalhadores estrangeiros pela sociedade civil.
Há quem defenda que está a acontecer uma das maiores violações dos Direitos Humanos no Qatar.
Porquê?
Quando, em 2010, o Qatar foi escolhido para receber o Mundial 2022 teve que construir estádios e infraestruturas como um novo aeroporto, hotéis, novas estradas e linhas de transporte para os eventos do Mundial.
Num país com 2.8 milhões de habitantes, dos quais pouco mais de 10%têm cidadania qatari e os seus privilégios, a maioria da população é composta por estrangeiros. Esta grande população de estrangeiros deve-se a milhões de pessoas de países na Ásia e na áfrica que viajam até ao Qatar à procura de um futuro melhor e com melhores condições.
Para isso, mobilizaram 30 mil trabalhadores estrangeiros para a construção de estádios e as outras infraestruturas.
Exploração laboral de migrantes
Tem havido vários atos de violações de direitos de trabalhadores sujeitos a trabalhos forçados, vivendo em condições precárias e trabalhando em condições climatéricas extremas, sem limitação de horário e sem direito a descanso. Em mais detalhe, sabemos que:
- – 1, 7 milhões de trabalhadores migrantes que sofrem violações de direitos humanos.
- Mais de 6750 óbitos de trabalhadores de várias nacionalidades (Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh, Sri Lanka, etc…) desde 2010.
- – Maior parte das mortes foram consideradas mortes por causas naturais, levando a que não houvesse nenhuma investigação e sem autópsia. Os números reais nunca os saberemos.
- – Muitas destas pessoas não estão a receber salário pelo seu trabalho, nem condições dignas. E as que tentam mudar de emprego são reportadas por fuga e os empregadores cancelam os seus vistos.
- – Trabalham entre a 14h e 18h por dia.
- – Muitos ficaram com o passaporte confiscado, ficando no controlo com a entidade empregadora. Desta forma, eles não podiam ir visitar a família ou fazer outras atividades, só com autorização da entidade empregadora.
- – Os migrantes que vão trabalhar para o Qatar são também sujeitos a taxas de recrutamento que custam entre 1.000 e 3.000 euros.
- – Em 2020, morreram 50 trabalhadores no Qatar, registando ainda 500 feridos graves e 37.600 que sofreram ferimentos leves ou moderados.
Abusos dos Direitos Humanos
– Criminalização da homossexualidade , dando uma incerteza e receio à comunidade LGTBI+ que querem e fazem parte do Mundial 2022.
– Proibição de realização de campanhas pelos direitos LGTBI+ . As pessoas desta comunidade podem sofrer até 3 anos de prisão e possibilidade de pena de morte.
– Desrespeito pelos direitos das mulheres por parte do Estado.
– Restrição da liberdade de expressão e de imprensa. Temos o exemplo de inúmeros jornalistas que foram detidos no país, durante investigações associadas às condições dos trabalhadores.
O que a Sociedade Civil está a fazer?
Apesar de ser um tema polémico agora, este assunto está a ser investigado e acompanhado há muitos anos por várias entidades e associações que procuram sensibilizar para os abusos de exploração laboral e de direitos humanos. Partilhamos algumas iniciativas:
➡️Campanha PayUpFIFA realizado por Human Rights Watch, Amnesty International e FairSquare.
➡️ T-shirt Forgotten Team pela Amnistia.
➡️ Cards of Qatar por Blankspot.
Para além disto, já houve manifestações por parte dos trabalhadores prejudicados e as seleções dos países tomam posições ativas no campo e fora dele.
Adicionalmente, a UEFA criou em 2021 um grupo de trabalho para acompanhar as questões dos direitos humanos no Qatar, com visitas regulares ao país.
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