“São pessoas muito pouco confiantes das suas capacidades.”
Testemunho de Susana Martins, voluntária no Gabinete de Emprego.
“Comecei a fazer voluntariado no Gabinete de Emprego no fim de 2018. Com a minha mudança de situação profissional, passei a ter muito disponibilidade e decidi voltar fazer voluntariado. Comecei à procura de sítios que trabalhasse com refugiados e aceitasse voluntários, entre amigos, e pesquisas na internet rapidamente cheguei ao JRS – Serviço Jesuíta aos Refugiados. Enviei um e-mail, vim a uma entrevistas e fiquei. Comecei o tour e conforme as necessidades do próprio JRS fiquei no Gabinete de Emprego.
Desde o princípio que me identifiquei muito com o trabalho que estou a fazer e com a maneira como a equipa funciona. Sinto a responsabilidade de trabalhar neste gabinete uma vez que o emprego é um dos pontos mais importantes na integração dum utente. Quando chegam a Portugal estão muito dependentes da ajuda da família que já cá está e querem muito ser autónomos e independentes. Tive muita sorte até agora porque as pessoas que me foram chegando sabiam falar em português ou em inglês, mas às vezes aparecem pessoas que não sabem nenhuma das línguas e torna-se mais complicado fazer a ponte entre o empregador e o utente.
O impacto positivo é medido pelos telefonemas que nos chegam dos empregos para dizer que está a correr tudo bem, tanto dos utentes como dos empregadores. Mas nem sempre são dias bons e é mais difícil quando temos muitos atendimentos e quase nenhuma vaga.
Agora que estou mais perto desta realidade e tenho contacto direto com as pessoas consigo observar um grande defeito que veio com elas. São pessoas muito pouco confiantes das suas capacidades. A maior parte das pessoas que chegam sabem fazer mais coisas do que acham que sabem. Desvalorizam-se. Aconteceu-me uma e outra vez, chegarem a dizer que não sabiam fazer nada e que nunca tinham trabalhado. Ao princípio acreditava, agora já puxo por elas e percebo que já têm experiência e que fizeram muito mais do que dizem logo. Também é importante saberem o que as pode esperar numa entrevista e o Gabinete de Emprego atua também nesta frente e oferece formações para preparar uma entrevista. Isto é muito importante para as pessoas chegarem com uma atitude positiva e confiante.
O Gabinete de Emprego só faz atendimentos de manhã e à tarde é um trabalho de backstage. Na altura, decidi ficar os dois turnos, e ainda bem porque desta forma tenho a oportunidade de estar mais perto da equipa e dos outros gabinetes. O clima é de inter ajuda e interdependência que realmente flui. Os gabinetes trabalham juntos e isso resulta num atendimento muito personalizado do utente.”
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