“Há gente que fica na história da história da gente” (Chuva – Mariza)
22 de dezembro de 2017. Aeroporto Humberto Delgado. Aguardo a chegada de outra família. Refugiados. Vítimas de violação dos seus direitos humanos. Oito. Seis filhos. E não sei que história trazem… Chegam… tímidos, de mãos vazias, mas… de sorriso no rosto e um brilho na íris.
Dirigimo-nos para a carrinha. Asmaa dá-me a mão. Rumamos ao refúgio, ao abrigo, ao novo lar, à nova vida, à esperança, à seguridade, à paz.
Estação de serviço – A1. As crianças SÃO o que sabem ser, Crianças. Brincam às gargalhadas no parque. Pedem uma foto de grupo para guardar na história. Logo neste dia ficaram… ficaram na história da história da gente…da minha. E ficam a cada dia quando me dizem “Maria, eu gosto de ti”. E ficam a cada dia que me recebem à porta com um sorriso rasgado e me abraçam genuinamente. E ficam quando me acompanham ao carro e se despedem com um adeus gestual ao ver-me partir. E ficam a cada dia que me confessam “Maria, tu és Abdulsalam, tu és família, tu és ‘irmão’ ”. E é isto que fica. Que fica na história da história da gente… da minha, desta experiência de acolher. Não são as burocracias, os papéis, as legalidades…são os instantes juntos, as memórias, a partilha, que me fazem melhor a cada dia. É o coração cheio, cheio de ternura, de amar, de amar o próximo e ser amada. E é tão fácil amá-los.
Grata. Shukraan Jazilaan família Abdulsalam por me deixarem amar-vos. Bem-haja por ficarem na história da história da gente…da minha.
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