“Ensinam-nos a “acordar” e a descomplicar a vida”
A formação em Serviço Doméstico, facultada pelo JRS, visa ajudar mulheres migrantes e/ou refugiadas em situação vulnerável.
As nossas formandas chegam-nos da Guiné-Bissau, de S.Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Moçambique, Angola, Uganda, Congo e de tantos outros países longínquos. Vêm, na sua maioria, por “Junta Médica” (para consultas, exames de diagnóstico, tratamentos) e/ou a acompanhar familiares que estejam em situação semelhante. As mulheres refugiadas chegam-nos fugidas de perseguições religiosas e/ou políticas.
São, na sua maioria, pessoas meigas, com muita coragem e força interior. Vemos rostos sofridos, francos, puros; isentos dos sinais do tempo do progresso e dos avanços tecnológicos.
Connosco, aprendem as “matérias” da formação em Serviço Doméstico da era moderna ocidental, como por exemplo, o uso de electrodomésticos, pôr uma mesa, fazer um planeamento das tarefas, engomar com ferro eléctrico, entre outras. É claro que todas elas sabem “governar” uma casa, mas à sua maneira, com os recursos que têm.
Porém, com a sua simplicidade e foco no que é fundamental, ensinam-nos a “acordar”, a descomplicar a vida e a deixar de ver barreiras que tantas vezes pomos para resolver um assunto.
Correm para chegar a horas às aulas e, durante o tempo em que aí estão, empenham-se e são corajosas, pois deixam os seus problemas à porta da sala.
Anseiam pelo certificado que irão receber no final da Formação. No entanto, à medida que se vai aproximando o fim, vão dizendo que já estão com saudades.
Sinto-me sempre muito agradecida pela oportunidade que tenho de poder servir estas Senhoras. Fico sempre com o coração “apertadinho” ao testemunhar tanta coragem e perceber o quão agradecidas ficam com tão pouco que lhes damos.
Mantenho sempre a esperança de que com o seu esforço, empenho, muito trabalho e a ajuda de Deus hão-de encontrar o seu caminho e ter uma vida melhor.
Margarida Guerreiro de Sousa, voluntária desde 2010
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