“A vontade de viver é mais forte”
Conheci o JRS em 2015 quando fiz uma acção pontual de voluntariado a preparar um apartamento para onde vinham viver “Refugiados”.
O que me levou a integrar esta equipa foi a curiosidade, o querer perceber quem são, de facto, estas pessoas de que tanto se ouve falar nas notícias mas que, ao mesmo tempo, parecem vir de uma realidade tão distante.
Enquanto voluntária fui participando em diferentes actividades, desde arrumar o banco de roupa a ajudar nas aulas de língua portuguesa, marcar consultas médicas para os utentes, organizar um ciclo de cinema e até ir ao ginásio e jogar futebol na Quinta das Conchas.
Também preparámos os quartos para receber o novo grupo de 11 utentes que chegou em Novembro, com a ajuda dos utentes mais antigos, e organizámos visitas a vários pontos de Lisboa para lhes dar a conhecer a sua nova cidade.
Por vezes, o meu papel enquanto voluntária é simplesmente estar presente. Demonstrar que estou ali para aquelas pessoas, que quero saber delas e que podem contar comigo para conversar, chorar, refilar, rir, o que for preciso!
Apesar de não saber falar Árabe ou Tigrínia, conseguimos comunicar uns com os outros, o Google Tradutor é uma grande ajuda nas primeiras semanas!
Fico impressionada com a rapidez com que os utentes aprendem a nossa língua, e isso resulta da força de vontade dos alunos, da dedicação das professoras, que são incansáveis e do papel da equipa do JRS que me ensinou o que é trabalhar com paixão e dedicação máxima, diariamente.
Os Refugiados passaram de estranhos a pessoas. Pessoas que se encontram numa circunstância complicada claro, mas que, como todos nós, têm as suas qualidades e defeitos, têm sonhos, capacidades intelectuais e sentido de humor.
Dou por mim muitas vezes a pensar “ Se eu estivesse nesta situação não seria capaz de sorrir e de me levantar com vontade e força para ir às aulas de português, ou procurar um trabalho”.
A verdade é que apesar de todas estas enormes dificuldades, de perder familiares, de arriscar a vida para fugir da guerra e de ser entregue a um destino sobre o qual parece não se ter qualquer tipo de controlo, a vontade de viver é mais forte.
Ensinaram-me que há sempre uma coisa que podemos decidir: o modo como reagimos às situações que surgem na nossa vida.
Sinto-me realmente agradecida por esta oportunidade de fazer parte da equipa de voluntários da JRS, onde fiz verdadeiros amigos e de me sentir em casa quando estou no CATR, tanto que, no dia 25 de Dezembro foi lá que fiz o meu lanche de Natal.
Francisca Vieira Matias
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