Chegou ao fim a terceira e última edição do Curso de Cuidados Básicos Idosos com Enfoque nos Cuidados Paliativos, prevista no âmbito do Projeto “Corações que Cuidam”. Foram mais dois grupos – um em Lisboa e outro no Porto – e 16 mulheres migrantes e refugiadas formadas numa área onde é notória a escassez de profissionais capacitados, motivados e de coração aberto para cuidar de quem mais precisa.
Para fazer o balanço desta 3ª edição do curso nada melhor do que recorrer aos testemunhos das formandas que falam de uma “experiência transformadora”, referindo-se não apenas aos conhecimentos técnicos adquiridos, mas também à relação que se estabeleceu entre elas e também com a equipa de formação, instituições onde decorreu a formação prática e os próprios utentes de quem cuidaram nesse período.

“A gente está saindo totalmente diferente deste curso. Foi uma transformação muito intensa”
“Cada momento aqui foi especial. Eu entrei uma pessoa e hoje sou outra.”
“Eu me senti tão importante, tão especial. (…) Nos deu mais noções de como lidar com a vida, para além das noções técnicas”

Para as formandas recém chegadas a Portugal o curso foi uma experiência de ”acolhimento” que permitiu a criação de laços de amizade fortes; para quem já cá estava foi o reforço de uma rede de suporte tantas vezes frágil ou quase inexistente:

 

“Nunca pensei que mudar para Portugal ia-me proporcionar amizades tão intensas em tão pouco tempo”
“A gente chegou a Portugal e foi uma bênção. O Curso foi de cuidados a idosos, mas a gente cuidou de nós. Foram tempos muito valiosos”
“Veio numa fase em que eu precisava mesmo estar num ambiente familiar. E isto foi uma família”
“O Curso cuidou de mim”
“Este curso para mim foi uma família que criei, um momento de muita partilha, muito amor, muito conhecimento”

Para um projeto pensado com o objetivo de empoderar mulheres migrantes e refugiadas é gratificante escutar testemunhos como os que se seguem:

“Já estou aqui há três anos, já fiz dois cursos, mas este curso vai ficar sempre no meu coração. (…) Estou muito contente por mim, porque fui muito forte”
“Tudo o que vivi nestes três meses, não há palavras para descrever. Faço para a semana 43 anos e em três meses de curso aprendi algo tão genuíno, tão humano, que compensou estes 43 anos de vida”

Sabemos que há sempre coisas a melhorar. Mas o testemunho das participantes, o feedback da equipa de formação e das instituições onde decorreu a componente prática, assim como os resultados conseguidos em termos de empregabilidade, deixam-nos com o sentimento de que valeu mesmo a pena. Este último curso terminou em final de abril e passadas duas semanas 10 das 16 formandas já se encontravam a trabalhar na área.

Em nome do JRS e da equipa do Projeto “Corações que Cuidam” devemos um enorme agradecimento a estas mulheres migrantes e refugiadas por tudo o que deram ao projeto, pela partilha das suas experiências de vida tão ricas (ainda que muitas vezes tão sofridas) e pelo que nos ensinaram com o seu exemplo de força, entrega e capacidade de superação.

Agradecemos também às entidades parceiras do Projeto: à Casa Nossa Senhora da Vitória, à Associação Benéfica e Previdente e à Junta de Freguesia do Bonfim que desde o primeiro dia nos abriu as suas portas, cedendo o espaço e acolhendo-nos como se fossemos da “casa”.

O Projeto “Corações que Cuidam” decorre em Lisboa e no Porto, e foi aprovado no âmbito do Programa Cidadãos Ativ@s, financiado pelos EEA Grants e gerido pela Fundação Calouste Gulbenkian em consórcio com a Fundação Bissaya Barreto.