Tem 32 anos, veio da Guiné-Bissau e é um dos casos de maior sucesso do Centro Pedro Arrupe (CPA) e do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS). Em apenas 6 meses encontrou a estabilidade que tanto procurava e as condições para um novo começo, longe do seu país.

Chegou a Portugal em Fevereiro. “Pensava que não ia suportar o frio!”, diz, rindo-se. “Mas tive uma boa impressão de Portugal. É muito diferente da Guiné”. Não teve medo de embarcar nesta aventura, apenas algum receio de não encontrar um emprego. Tem o apoio da irmã, que vive em Portugal há alguns anos, mas foi sozinho que encontrou o seu caminho. “Estou sempre focado naquilo que quero. Não posso esperar que a minha irmã faça tudo por mim”. Nos primeiros dias, dormiu no chão da casa que a irmã partilhava, mas rapidamente a situação tornou-se insustentável dada a falta de privacidade que sentia na casa já lotada. Decidiu recorrer ao JRS, que o encaminhou para o CPA na mesma semana. “Recebi uma mensagem a dizer para levar a mala no dia seguinte para o Centro. Nem acreditava, foi uma boa surpresa”.

Apesar de ter deixado para trás a sua vida, parte da sua família, amigos e a licenciatura, esforçou-se para deixar a solidão de parte, pois sabia que em nada o iria ajudar. O seu colega de quarto acabou por se tornar o seu confidente – ambos passavam o dia inteiro à procura de um emprego. À noite, exaustos, partilhavam as suas frustrações e contavam como tinham corrido as suas entrevistas. “Chegava a ir a três entrevistas por dia. Não podia desistir”. Até que um dia, enquanto ambos faziam trabalho comunitário no Jardim Botânico de Belém, recebem o telefonema que mudou o rumo das suas vidas: os dois tinham um emprego.

Não se considera concretizado, mas está muito contente com o seu progresso. “Acho que vou conquistar os meus sonhos. Para ser feliz basta ter fé e coragem, e eu tenho tudo isso. Vou até ao fim. Desistir está fora de questão”, afirma.

Adaptou-se de tal forma a Portugal, que já arranjou uma casa onde viver. No seu novo trabalho ninguém acredita que está cá há apenas 6 meses. “Tu és especial, és diferente”,

dizem-lhe. Sonha um dia acabar o seu curso em engenharia informática e abrir a sua empresa. “Sei o que sou e sei que vou conseguir. Vou ser um grande Homem”.

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